quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Capítulo 3 -Changing


Pelos meus cálculos, já passava das 10:30 PM e eu ainda me encontrava ali, sentada no chão frio daquela cela provisória da delegacia com mais duas garotas que ao meu ver pareciam inofensivas.
Sentia um frio terrível na barriga só de pensar que Tony chegaria a qualquer momento para me buscar e me “fuzilaria” logo em seguida. Fiquei perdida em meus pensamentos por alguns instantes, preocupada porque não tinha nenhum tipo de informação sobre os garotos e ensaiando um bom pedido de desculpas, mas fui interrompida quando percebi uma movimentação vinda do final do corredor.
O carcereiro apareceu em frente à cela, deu uma breve pausa e observou nós três...
-Srtª McCarthy?
-S-Sou eu! – disse um pouco nervosa.
-Seu pai resolveu a sua pendência e você já está liberada...espero não te ver mais aqui garota!
-Eu também não!- falei depressa me levantado do chão e indo em direção ao corredor.
A cada passo que eu dava, minha vontade de desaparecer só aumentava e quando vi meu pai...quero dizer, Tony no final do corredor olhando pra mim sem qualquer tipo de julgamento fiquei ainda mais nervosa!!

-Me desculpe pai....- ele me olhou surpreso quando ouviu um “pai” sair da minha boca...
-Depois nós conversamos sobre isso Jessie!- ele disse me envolvendo em seus braços...
Seguimos rumo ao carro no estacionamento, partimos e até em casa não dirigimos sequer uma palavra um ao outro. Eu estava muito sem graça para puxar qualquer assunto; eu só queria comer, tomar um banho, ligar para os garotos e dormir, porque se eu pudesse, apagaria aquele dia da minha vida...
Eu entrei em casa primeiro e quando fui em direção às escadas, Tony me impediu
- Você não acha que ainda precisamos conversar???
-Sim- disse um pouco aliviada- eu só não sabia como começar! – forcei um sorriso, sem sucesso.
-Jessie, o que aconteceu com você??? Quando eu recebi a ligação da delegacia eu quase surtei! Quanta irresponsabilidade! Você poderia ter se machucado sério...
-Eu sei-disse cabisbaixa- Olha, me desculpa de verdade...eu não sei o que tá havendo comigo; eu não me reconheço- nesse momento deixei escapar uma lágrima, mas apressadamente a limpei com as costas da mão...- eu te prometo que isso nunca mais vai acontecer. Eu só preciso de um tempo pra me reajustar!
-Precisa mesmo, e você pode contar comigo SEMPRE Jess! Espero que essa tenha sido a primeira e última vez que eu precisei te buscar na delegacia!
Apenas assenti e quando dei por mim já o abraçava com urgência...Sei lá, eu precisava daquilo. Logo não pude mais me conter e desabei em seus ombros deixando sua camisa molhada de lágrimas! Dali em diante estava disposta a voltar a ser quem eu era.
Fomos juntos até a cozinha, fizemos um lanche, rimos muito...nunca pensei que teria aquele tipo de momento logo com ele.
-Filha agora eu realmente preciso ir me deitar... já passa de 1:00 AM. E você também tem aula amanhã, certo?- ele me deu um beijo melado na testa e um abraço e deixou escapar um “Eu Te Amo” um pouco tímido no meu ouvido.
-Sim...- ele ficou esperando que eu também dissesse um “Eu Te Amo”... mas a única coisa que saiu foi um “Boa noite Tony”!
Ele sorriu um pouco desapontado, deu as costas e subiu as escadas.
Fiquei um tempinho na cozinha mexendo no meu celular e, mesmo tarde demais para ligar para alguém, estava muito preocupada, e decidi fazer uma chamada para Ryan...
Ligação On:
-Fala! –foi quase que um resmungo
-Ryan? Aqui é a Jessie.
-Jessie- ele gritou me fazendo afastar um pouco o celular do ouvido- Jessie você não imagina o quanto a gente ficou preocupado com você. Escuta, me desculpa mesmo por te levar praquele lugar e –ele nem respirava
-Tá tudo bem Ryan, eu fui detida, mas meu pai foi me buscar pouco tempo depois. - tentei acalmá-lo
-Ahh, como é bom ouvir isso, sério mesmo! – eu tava começando a suspeitar que o Ryan tivesse um pequeno tombo por mim.
-Mas e ai, foi fácil escapar? Os tiras estavam por todos os lados! Tá tudo bem com vocês né?
-Gata, a gente sempre dá um jeito! Tá todo mundo bem, relaxa.
-É, eu percebi. Bom era só isso mesmo, agora eu necessito dormir, to morta!
-Vai lá. Boa noite!
-Boa noite! Até amanhã!
Ligação Off.
Logo eu subi para  o meu quarto, tomei um banho quente, me deitei e sem muita demora, peguei no sono...

Capítulo 2 -I'm not trying to be perfect


Dado o término da aula naquele dia, fui direto ao encontro dos garotos, que estavam à minha espera na saída da escola.
Jessie's Point Of View
-E ai, quais são os planos pra hoje?- perguntei empolgada
-A gente encontrou um lugar bem maneiro pra dar um rolé de skate... - disse Ryan em um tom misterioso...
Chaz e Chris apenas se entreolharam e sorriram pra mim, e logo eu percebi que aquele dia valeria muita a pena!
Nós quatro seguimos a pé até o bairro ao lado. Nos encontramos com um grande grupo de pessoas que aparentemente estavam à nossa espera em uma enorme pista de skate. O espaço era deserto, a rua mais próxima estava fechada para obras no asfalto, portanto éramos apenas nós naquele lugar; e detalhe: eu era a única mulher entre uns 20 homens.
Fiquei sentada em um canto bebendo vodca pura por pelo menos meia-hora e confesso que já estava um tanto quanto aérea observando os garotos que só conversavam. Estava anoitecendo e ficar parada e sozinha já estava me entediando, até que um dos desconhecidos deu voz de ação. De repente todos se levantaram e sacaram seus skates como se fôssemos fugir... Logo senti as mãos fortes de Chris me puxarem de uma vez enquanto ele gritava para mim “faça exatamente o que a gente fizer; você vai se divertir muito essa noite!”.
Levantei-me abruptamente e peguei meu skate que se encontrava logo ao meu lado.
Todos nós descemos a rua interditada e nos dirigimos para centro da cidade. Até que chegamos onde estava o maior movimento de pessoas. Parecíamos uma gangue de filmes sabe? Eu estava curtindo tudo numa boa, pensava que tudo não passaria de um grande passeio coletivo de skatistas, mas eu estava enganada. Do nada, um dos rapazes que todos chamavam de Jay, jogou uma das garrafas de vodca contra a vitrine de uma loja fechada e quando olhei a minha volta fiquei atordoada com o ato de selvageria que todos estavam cometendo; alguns agrediam pessoas, outros derrubavam latas de lixo e caiam na risada... Aquela rua virou um caos, as pessoas estavam em pânico sem entender nada. Fiquei tão assustada que caí do skate e ralei meu joelho. Assim que avistei Ryan, que estava revirando uma lixeira, o interrompi pedindo explicações...
-Mas que porra é essa que tá havendo aqui Ryan, vocês enlouqueceram?? -Ele apenas me olhava, estava muito chapado pra me responder, mas logo percebeu que eu falava sério.
-Você não está gostando Jessie???Pensei que ficaria feliz com a surpresa- ele disse confuso.
-Não, eu não tô gostando. Eu vou embora dessa merda! Amanhã a gente vai conversar sobre isso!!
Eu realmente estava decidida a ir embora, mas quando ouvi a sirene da polícia que se aproximava, só conseguia pensar em encontrar um lugar para me esconder. Todos entraram em desespero e a multidão se dispersou como se houvessem soltado uma bomba naquele local... “merda, merda, merda!” o quê que eu vim fazer aqui? O Tony vai me matar!
Eu havia me escondido em um beco, mas logo uma mulher me avistou e gritou para que um dos policiais me pegasse... Bingo! Me ferrei.
- Te peguei mocinha!!! – eu me contorci, mas então percebi que era melhor facilitar as coisas e não dar uma de idiota.
O policial me arrastou e algemou minhas mãos para trás, me escorou no capô da viatura e me revistou em busca dos meus documentos.
-Vejamos... Jessie Davonne McCarthy, Atlanta-Geórgia, 17 anos... Espero que seus pais tenham dinheiro pra te tirar de onde você está indo agora.
-Mas eu não fi... - fui interrompida pelo policial que disse em tom ríspido e debochado:
-Cala essa boca, é claro que você fez! O curioso é que todo detido diz que não fez nada! Agora abaixe essa cabeça se não quiser que eu bata ela no carro!
Assim, ele me jogou no banco traseiro da viatura, onde se encontravam mais dois policiais...
Anthony's Point Of View
Já eram 10:00 PM, e depois de cumprir um longo plantão, finalmente eu poderia descansar.
Tirei meu jaleco, organizei a minha sala e peguei as chaves do meu carro.
Quando me virei, o telefone tocou e corri para atendê-lo na intenção me livrar logo daquela ligação que vinha da secretaria do hospital.
~Ligação On:
-Sim Clarisse...
-Dr. McCarthy, uma ligação da polícia para o senhor na linha 2... –naquele momento, senti minhas mãos suarem e minha boca secar... –Obrigado Clarisse!
-Anthony McCarthy, em quê posso ajuda-los? –Atendi apreensivo.
-Senhor McCarthy, aqui é da 16ª DP. Estamos ligando para lhe informar que sua filha, Jessie D. McCarthy foi detida por um de nossos policiais durante um ato conjunto de vandalismo no centro cidade. Solicitamos o seu comparecimento assim que possível para abrirmos o processo administrativo de liberação da garota... –Ouvir aquilo não me permitia  mover sequer um músculo. - Senhor McCarthy, o senhor ainda está na linha?
-Sim sim, me desculpe, fui pego de surpresa. Da-Daqui alguns minutos eu estarei ai. Obrigado!
~Ligação Off.
-Jessie, Jessie... O quê você aprontou dessa vez? –perguntei a mim mesmo, passando as mão nos cabelos, completamente desapontado...

Capítulo 1- Meu Começo


Jessie's Point Of View
Aquela era mais uma manhã de terça-feira em que eu acordava às 07:00 AM me sentindo derrotada e me arrumava para enfrentar mais um dia de aula. Estava cursando o último ano no Saint Claire High School.
Desci as escadas com cautela e para a minha surpresa, Tony ainda estava em casa tomando café...
-Bom dia mocinha!- disse ele assim que me sentei ao seu lado sem dizer uma palavra.
-Bom dia Tony... – não queria papo com ele
-Quando é que você vai resolver começar a me chamar de pai???- perguntou ele, reprovando a minha atitude.
-Ah, agora você é meu pai?... O engraçado é que há três semanas você nem lembrava que eu existia e... - ele me interrompeu.
-Escuta Jessie, eu entendo o que você está sentindo. Eu tenho tentado há dias me aproximar de você para te confortar, mas você não me dá um espaço!Escuta, você pode até pensar que não, mas eu amo você e vou te proteger da mesma forma que Dian...
-Eu tenho que ir, já estou atrasada!- um nó já havia se formado em minha garganta quando percebi que ele falaria da minha mãe, mas eu não queria demonstrar fraqueza e chorar diante dele.
-Eu vou te buscar no fim da aula pra nós irmos a um restaurante, o que você acha?
-Não precisa, vou voltar com os meus amigos...
-Jessie, já te disse que não gosto desses “amigos”! Vamos lá, eu te busco!
-Não precisa Tony, vou voltar com eles mesmo! – Me levantei e sai.
(...)
Assim que cheguei à cidade, fiz amizade com três garotos que encontrei na pista de skate perto de onde eu estava morando. Não sei por qual motivo, mas Chaz, Chris e Ryan não agradavam meu pai...
Apesar de conhecê-los há poucos dias, já confiava muito neles, e eles sempre me acompanhavam e voltavam comigo da escola.Todos me viam como uma garota estranha, anti-social que acabou de perder alguém e por isso tinham pena de mim, mas apenas os meninos entendiam o real motivo.
Sempre fui o tipo de garota muito feminina e vaidosa, mas naquele período de luto me limitava à usar roupas largas e com cores apagadas. Cabelos desgrenhados e maquiagem extremamente escura;me sentia bem só daquela maneira.
Estava agindo de forma totalmente fora do costume...bebendo, fumando, me metendo em confusões...não conseguia me reconhecer.
Como pude mudar da água para o vinho em tão pouco tempo???
-Me desculpe mãe...sei que a senhora não está nada orgulhosa de mim agora...